quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ainda sobre a ditadura, tema que temos abordado esta semana, vejam o e-mail recebido de nossa colaboradora Rita Madeiro (Lagoa Grande-PE)

COMO VOCÊ ESTÁ ABORDANDO O TEMA DITADURA AQUI ESTÁ UMA MUSICA QUE ME CHAMOU A ATENÇÃO

CÁLICE

(refrão)
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

(refrão)
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

(refrão)
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

(refrão)
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça 

Quando eu estava fazendo a pós-graduação, a professora fez um trabalho com a gente de análise de texto e ela usou essa música. Eu achei interessante, pois se refere à censura e a falta de liberdade de expressão. Porém como não podiam colocar explicitamente os problemas nas letras, pois eram censuradas se utilizavam de metáforas.

Chico consegue fazer de uma música o grito de “fim da ditadura” – Na época da ditadura a censura vetava certas obras escritas: jornais, músicas, livros, revistas, etc. eram alarmante devido ao fato dos ditadores torturarem os publicadores dessas obras que ofendiam o sistema ditatorial. A música “Cálice” do Chico Buarque se refere à censura. Na música a palavra cálice, é de certo modo uma metáfora que possui o sentido de CALE-SE.

Cálice= taça de vinho
Cale-se= proibir alguém de falar alguma coisa

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