sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Brasileiro ignora crise e gasto no exterior bate recorde em agosto

ANA CAROLINA OLIVEIRA
DE BRASÍLIA

Apesar da crise financeira internacional, os brasileiros elevaram os gastos no exterior em agosto.
Segundo dados do Banco Central, as despesas com viagens internacionais foram de US$ 1,9 bilhão no mês passado. Em agosto do ano passado, foram gastos US$ 1,3 bilhão. 
Entre janeiro e agosto desse ano, os turistas gastaram US$ 14,2 bilhões com viagens ao exterior. Esse valor já está perto do que foi gasto durante todo o ano de 2010, quando os brasileiros gastaram US$ 16,4 bilhões.
Em setembro, até esta sexta-feira, os turistas brasileiros já gastaram US$ 969 milhões no exterior.
Segundo o chefe do departamento econômico do Banco Central, Túlio Maciel, para este mês já é possível ver uma queda em relação a agosto.
"Os dados de setembro a gente já vê um arrefecimento. Os dados de junho, julho e agosto são um pouco mais fortes por causa da sazonalidade", disse Maciel.
De acordo com Maciel, a recente alta do dólar também poderá reduzir as despesas dos brasileiros no exterior.
"Esse efeito do cambio induz a um comportamento mais cauteloso. Há uma tendência de redução, mas, dada a volatilidade do cambio é natural que pessoas que tenham viagens a frente fiquem mais cautelosas. Eles podem gastar menos e, tendo uma viagem a frente, a aquisição de moeda estrangeira, pode ser feita antecipadamente", afirma o chefe do BC. 

INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS
O Brasil recebeu em agosto US$ 5,606 bilhões em investimentos estrangeiros diretos, já descontadas repatriações de capital aos países de origem. Esse fluxo é levemente menor que o verificado em julho, quando ingressaram liquidamente US$ 5,982 bilhões.
Com isso, o valor acumulado no ano atingiu US$ 44,085 bilhões, cifra bem superior ao de igual período de 2010 (US$ 17,153 bilhões).
A autoridade monetária esperava que, em agosto, o país recebesse US$ 4,2 bilhões nessa modalidade de investimento. O efetivamente ocorrido, portanto, ficou maior que a previsão oficial. Para o ano inteiro de 2011, a expectativa é de que ingressem US$ 60 bilhões.
A parcela de IED relativa à aquisição de participações diretas no capital de empresas alcançou US$ 4,339 bilhões no mês, ante US$ 5,971 bilhões em julho e US$ 2,056 bilhões em agosto de 2010. No ano, o montante chegou a US$ 34,846 bilhões, ante US$ 16,886 bilhões de igual período do ano passado.
Os ingressos líquidos de empréstimos feitos por empresas estrangeiras a filiais no país somaram, por sua vez, US$ 1,267 bilhões no mês e US$ 9,240 bilhões em oito meses. Houve elevação sobre o valor verificado nos oito primeiros meses de 2010, quando os créditos intercompanhias chegaram a US$ 267 milhões.
Como as participações diretas no capital, esse tipo de recurso não costuma fugir do país em momentos de corrida para o dólar. Por isso, também são classificados como IED, considerado a melhor fonte de financiamento externo. Em 12 meses, o fluxo líquido de IED já chega a US$ 75,370 bilhões, o equivalente a 3,22% do Produto Interno Bruto estimado pelo BC. 

TRANSAÇÕES
A previsão do Banco Central para o deficit nas transações do Brasil com o exterior (transações correntes) para o ano de 2011 caiu de US$ 60 bilhões para US$ 54 bilhões. Essa queda se deve principalmente a uma revisão para o saldo da balança comercial que subiu de US$ 20 bilhões para US$ 29 bilhões. Para isso, pesou o crescimento das exportações estimado em US$ 258 bilhões ante US$ 250 bilhões em julho.
A conta de serviços e renda, que também compõe a conta de transações correntes, teve uma piora puxada pela expectativa de aumento dos gastos de brasileiros com viagens ao exterior que passou de um deficit de US$ 15 bilhões para US$ 16 bilhões.
"Viagens internacionais é um item sensível a cambio, mas o dado ocorrido até agosto é expressivo e preponderou nessa revisão", afirmou Túlio Maciel, chefe do departamento econômico do Banco Central.
A previsão de remessas de lucros e dividendos de empresas estrangeiras instaladas no Brasil também cresceu: passou de US$ 37 bilhões nas estimativas anteriores do BC para US$ 38 bilhões. 

Fonte Folha.com

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