quinta-feira, 19 de abril de 2012

O desenvolvimento humano através de crenças, atitudes e valores

Por Patrícia Bispo para o RH.com.br
O ser humano vive em uma sociedade em que as inovações são constantes. 

Isso, por sua vez, provoca uma série de mudanças comportamentais em todos os segmentos, sejam os que envolvem diretamente as crianças - como no caso das escolas -, bem como no âmbito corporativo, aonde os profissionais deparam-se com uma realidade altamente competitiva.

"Somos surpreendidos, dia-a-dia, com as adversidades instituídas por decisões administrativas, políticas e comportamentais que, muitas vezes, colocam em posição de debate a verdadeira essência humana e até onde iremos, fazendo mais vítimas pelo contexto de existência ao invés de incentivarem e inspirarem pessoas e organizações a terem orgulho de um comportamento baseado em crenças, atitudes e valores", afirma Cesar Romão, especialista em Gestão de Pessoas. Em entrevista concedida ao RH.com.br, ele explica que a implantação de um processo de crenças, atitudes e valores, na educação e na organizações, através de valores humanos, gerar maior sensibilidade e compreensão de existência. "Transformar um processo capaz de reestruturar o ser humano, sua maneira de agir, pensar, decidir e escolher, é a grande saída para uma sociedade com menos violência. O caminho é sempre através do próprio ser humano, fazendo seu poder de compreensão expandir-se", complementa.

Cesar Romão participará do 6º ConviRH (Congresso Virtual de Recursos Humanos), evento promovido pelo site RH.com.br, no período de 10 a 25 de maio de 2012. Na oportunidade, ele irá proferir a palestra em vídeo "O seu futuro depende de você". Boa leitura!

RH.com.br - Cada vez mais, observamos a presença de mudanças no meio corporativo. Esse fato exerce influência nas crenças, nas atitudes e nos valores organizacionais?
Cesar Romão - Sim, exerce influência. Quando as crenças, as atitudes e os valores encontram-se organizados e se unem, formam um sistema cognitivo integrado. Quando ocorre uma mudança, em qualquer uma dessas partes, isso causará um efeito nas outras demais, resultando em mudança comportamental. Essa mudança, por sua vez, deve ser conduzida dentro dos padrões desses itens, pois só assim poderá transforma-se em algo, de fato, nutritivo para a sociedade como um todo.

RH - Quais as características mais relevantes da crença?
Cesar Romão - A crença possui uma metodologia de organização como um sistema arquitetônico, com propriedades estruturais descritíveis e mensuráveis, com consequências comportamentais capazes de serem observadas e analisadas. Outro ponto relevante é que os tipos de crença podem ser vistos como relativamente superiores em encadeamento lógico-funcional ou em comunicação funcional, podendo acompanhar a seguinte proposição: Existenciais versus Não Existenciais; Compartilhadas versus Não Compartilhadas sobre a existência e a autoidentidade; Derivadas versus Não Derivadas e Relativas e Não Relativas a questões de gosto. Uma vez estruturada a condição da crença, ela pode ser qualquer uma das propostas capaz de ser precedida pela frase "eu creio que...", onde o conteúdo pode descrever o seu objeto como verdadeiros opostos, do tipo correto ou incorreto, devendo-se aliar à Natureza da Atitude, onde Allport reconhece três pontos de origem do conceito moderno de atitude: na Psicologia Experimental; na Psicanálise e na Sociologia.

RH - Com base no que o senhor mencionou, podemos considerar que todas as crenças fazem parte das atitudes?
Cesar Romão - Veja bem, quase todos os teóricos concordam que a atitude não é um elemento básico irredutível da personalidade, mas a representação do agrupamento de dois ou mais elementos interrelacionados. A concepção da atitude como uma organização de crenças é consistente com a opinião de Krech e Crutchfield que todas as atitudes incorporam crenças, mas que nem todas as crenças fazem parte, necessariamente, das atitudes. Sendo que as crenças possuem apenas um comportamento cognitivo, enquanto as atitudes são cognitivas e afetivas. Ainda, segundo Katz, as quatro funções da atitude são: Instrumental, de ajustamento ou utilitária; Protetora do ego; Expressiva de valor e Conhecimento.

RH - Então, as funções mencionadas por Katz serviriam de um condutor para os valores?
Cesar Romão - Podemos considerar que as funções são o fio condutor para os valores, que, por sua vez, têm a ver com os modos de conduta e estados finais da existência. Uma vez que um valor é internalizado, ele é tido como um padrão ou critério para guiar a ação e, assim, desenvolver e manter as atitudes em relação a objetos e situações relevantes, para julgar e comparar, moralmente, a si e aos outros.

RH -
Quais seriam os diferenciais entre valores e atitudes, se ambos estão tão próximos?
Cesar Romão - Os valores diferem das atitudes em vários aspectos importantes. Por exemplo, enquanto uma atitude representa diversas crenças focadas em um objeto ou situação específica, um valor é uma única crença que guia transcendentalmente as ações e julgamentos, através de objetos e situações específicas. Um valor é um imperativo para a ação e não somente uma crença sobre o preferível, mas também uma preferência pelo preferível.

RH - O senhor defende a implantação do processo de crenças, atitudes e valores, com ênfase nos valores humanos. Que benefícios isso traria às empresas?
Cesar Romão - Simplesmente teríamos pessoas com maior sensibilidade, solidariedade e compreensão de existência. Essas pessoas também se tornariam expansoras deste processo, fazendo-o refletir em suas atuações como cidadãos, membros de uma sociedade que busca, cada vez mais, formas eficazes de se organizar, mantendo harmonia e progresso no âmbito pessoal, profissional e, até mesmo, espiritual. A implantação de direitos humanos talvez esteja seja a resposta para uma sociedade mais ética, para empresas mais éticas e uma política mais ética. A mesma mão que embala o berço é a que escreve o destino de uma nação, e o despertar deste processo pode fazer nascer uma geração não violenta e muito mais comprometida com a vida, com os princípios da existência e o dever que temos uns para com os outros.

RH - Existem casos que comprovem êxitos, através dessa linha de pensamento?
Cesar Romão - Sim, inclusive em escolas. Algumas experiências deste tipo já fazem sucesso pelo mundo. Na Índia, por exemplo, um mestre, como é conhecido o Sathya Sai Baba, criou o Programa de Educação em Valores Humanos, que possui aplicadores pelo mundo todo. No Brasil visitei, na cidade de Amparo, uma Escola Dirigida pela educadora Fernanda Mesquita, totalmente fundamentada na educação através desse trabalho.

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