sábado, 31 de dezembro de 2011

O RH também marca presença nas pequenas empresas

Por Patrícia Bispo
Formada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco/Unicap. Atuou durante dez anos em Assessoria Política, especificamente na Câmara Municipal do Recife e na Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco. Atualmente, trabalha na Atodigital.com, sendo jornalista responsável pelos sites: www.rh.com.br, www.portodegalinhas.com.br e www.guiatamandare.com.br.

Diante de um mercado altamente competitivo e do avanço tecnológico, as empresas são impelidas a acompanharem as inovações que surgem a cada "instante", caso contrário correm o risco de perder espaço para a concorrência. Dentro dessa realidade encontram-se não somente as médias e grandes empresas, mas também as pequenas que necessitam garantir a sobrevivência frente aos concorrentes. Mas algo começa a mudar e chamar a atenção dos empresários: o fato das pequenas empresas começarem a perceber a importância de investir na Gestão de Pessoas, afinal elas também possuem interesse em atrair e reter os talentos que façam o diferencial para o negócio.
De acordo com Roberto Ventura, sócio-diretor da Efix - empresa que desenvolve sistemas de Gestão de Pessoas, muitas pequenas organizações descobrem tardiamente que tinham um importante talento quando seus profissionais recebem uma proposta de trabalho e as deixam. "As pequenas empresas brasileiras funcionam, em muitos sentidos, como formadoras de mão de obra para as médias e grandes, uma vez que muitos profissionais começam em pequenas empresas e logo se aventuram para voos mais ambiciosos", afirmar ao complementar que se essas organizações conseguissem preservar esses colaboradores, suas chances de crescimento seriam maiores.

Em entrevista concedida ao RH.com.br, Roberto Ventura enfatiza que a adoção da Gestão de Pessoas já começa a ser vista com mais simpatia pelas pequenas empresas. No entanto, existem fatores que ainda criam obstáculos para que o profissional de Recursos Humanos atue nesse campo do mercado. "A maior barreira à mudança é a resistência dos próprios colaboradores, seja por resistência dos empregados, seja por falta de suporte da alta liderança ao processo", alerta Ventura. Confira a entrevista na íntegra e veja as mudanças que estão, nesse momento, ocorrendo no campo organizacional. Boa leitura!

RH.com.br - Grande parte das pequenas empresas brasileiras possui administração
Familiar e, muitas vezes, o aproveitamento dos talentos humanos não é potencializado. Esse quadro começa a mudar e a Gestão de Pessoas começa a ganhar espaço entre essas organizações?
Roberto Ventura - A resposta para sua pergunta é afirmativa e posso citar ao menos duas tendências na economia que explicam a mudança deste quadro. A primeira delas é termos um mercado cada vez mais competitivo. Nos últimos anos vemos um aumento da competição entre as empresas, que vêm sendo forçadas a produzir cada vez mais com menor custo para se manterem lucrativas e presentes no mercado. Para reduzir custo, as empresas devem produzir mais com os mesmos recursos, entre eles, os recursos humanos. A segunda tendência é o aumento da importância dos recursos humanos nas empresas. Como há cada vez maior complexidade nas operações das empresas, que hoje incluem tecnologias sofisticadas, rápida evolução dos processos produtivos, necessidade crescente de inovar, entre outras, vemos uma crescente dependência e importância das pessoas sobre outros tipos de recursos como, por exemplo, capital e máquinas. Neste cenário, torna-se imprescindível potencializar o aproveitamento dos talentos humanos para as empresas manterem-se vivas, competitivas e inovadoras.

RH -
Se organizações de médio e grande porte contam com equipes de RH cada vez mais enxutas, não seria uma utopia acreditar que a Gestão de Pessoas também pode fazer parte da realidade delas?
Roberto Ventura -
Sim, a Gestão de Pessoas pode fazer parte da realidade de equipes de RH cada vez mais enxutas. Isso porque ao mesmo tempo em que se diminui o número de pessoas nas equipes, aumenta-se a oferta de sistemas inteligentes de gestão que permitem que as equipes transfiram para os sistemas as tarefas operacionais do dia a dia e se concentrem em tarefas mais estratégicas e sensíveis. Neste sentido, é imprescindível que as empresas invistam em sistemas analíticos e inteligentes que darão o suporte necessário à rápida tomada de decisão estratégica.

RH -
Qual o grande desafio que as pequenas empresas brasileiras encontram para implantar a Gestão de Pessoas?
Roberto Ventura -
O maior desafio que as pequenas empresas enfrentam, ao implantar um processo profissionalizado de Gestão de Pessoas, é a resistência interna à mudança, pois se trata de uma mudança cultural e, muitas vezes, estas empresas têm processos de gestão familiar. Estudos indiciam que apenas 30% das iniciativas de mudança cultural são bem-sucedidas. A grande barreira à mudança é a resistência dos próprios colaboradores, seja por resistência dos empregados, seja por falta de suporte da alta liderança ao processo.

RH - Existem peculiaridades da Gestão de Pessoas nas pequenas empresas?
Roberto Ventura - Os mesmos conceitos de Gestão de Pessoas que se aplicam às grandes empresas também se aplicam às pequenas empresas. As peculiaridades que existem dizem respeito mais à natureza da empresa, à sua cultura, aos valores, à missão e aos objetivos, do que ao seu tamanho da organização. Os processos de gestão devem levar em conta estes aspectos, e, desta forma, são específicos para cada organização, seu momento atual, objetivos de curto e longo prazo.

RH -
Quais os diferenciais que a Gestão de Pessoas proporciona às pequenas empresas?
Roberto Ventura - Atualmente, como poucas empresas de pequeno porte possuem sistemas eficazes de Gestão de Pessoas, a sua adoção deverá trazer grande ganho de competitividade e produtividade, uma vez que auxiliará o pequeno empresário a atuar de forma consistente e eficaz em assuntos fundamentais como, por exemplo, conhecimento das competências e resultados de sua equipe, redução de turnover, identificação e retenção de talentos e potenciais talentos, aumento da motivação da equipe, planejamento sucessório, treinamento e desenvolvimento e melhoria do clima organizacional.

RH -
Quais os riscos que as pequenas empresas correm se continuarem resistindo à adoção da Gestão de Pessoas?
Roberto Ventura - Os maiores riscos são a empresa perder importantes talentos para o mercado, ter baixo aproveitamento das pessoas, baixa motivação e competência, tornando-se, assim, pouco competitiva.

RH -
Qual o passo inicial que uma pequena empresa precisa dar, para implantar a Gestão de Pessoas de forma eficaz?
Roberto Ventura - O primeiro passo é realizar um diagnóstico interno e externo, para saber quais os objetivos principais da Gestão de Pessoas que precisam ser abordados e que têm maior impacto nos resultados da organização. Este trabalho pode ser realizado internamente e, idealmente, com o auxílio e o acompanhamento de uma consultoria especializada.

RH -
A implantação da Gestão de Pessoas nas pequenas empresas sempre requer grandes investimentos?
Roberto Ventura - Os investimentos, em geral, são bastante acessíveis. No entanto, na maioria dos casos que temos observado em pequenas empresas, os gastos com os recursos humanos ainda são tratados como custo e não como investimento, o que aos olhos do empresário, torna qualquer valor uma soma considerada alta.

RH -
Quais suas expectativas para as pequenas empresas brasileiras no tocante à Gestão de Pessoas?
Roberto Ventura - Acredito que a médio prazo, todas as empresas, inclusive as pequenas, para permanecerem vivas deverão adotar processos profissionais de Gestão de Pessoas. Os resultados tangíveis e intangíveis justificam o investimento. As práticas que nos últimos anos já vem sendo implantadas nas grandes e nas médias empresas, deverão também ser implantadas nas pequenas em um futuro próximo. Aquelas que já tomaram esta iniciativa já estão colhendo frutos. Vemos algumas empresas de pequeno porte que já fazem parte da lista das 100 Melhores Empresas para se Trabalhar, o que sem dúvida alguma, traz um retorno direto na contratação de bons talentos e na manutenção dos existentes.


Fonte Portal RH

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