quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Governos precisam romper com a dissonância entre a voz dos mercados e a voz das ruas, diz presidenta

A presidenta Dilma Rousseff recebeu hoje (15) da diretora executiva da ONU Mulheres (Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento da Mulher), Michelle Bachelet, a versão em português do relatório Piso de Proteção Social para uma Globalização Equitativa e Inclusiva, que defende a implementação de pisos de proteção social para estimular o crescimento econômico e aumentar a coesão social diante dos efeitos da crise internacional.

Segundo o documento, o conceito de piso de proteção social adotado pela ONU e pelo G20 corresponde a um conjunto de políticas de transferência de renda combinada com acesso a serviços essenciais de saúde, educação, saneamento, emprego e habitação.

No Palácio do Planalto, a ex-presidenta do Chile Michelle Bachelet, coordenadora do Grupo Consultivo sobre o Piso de Proteção Social, afirmou que programas como o Bolsa Família podem reduzir a volatilidade econômica provocada pela crise ao manter a capacidade de consumo das famílias de baixa renda.
“Durante a preparação deste relatório, tivemos a oportunidade de comprovar como as políticas de proteção social evitaram o pior da crise econômica, principalmente entre os mais vulneráveis, sustentaram a demanda e impulsionaram a recuperação econômica no Brasil e em vários outros países emergentes”, disse Bachelet.
Ela destacou que 1,4 bilhão de pessoas vivem, no mundo, em situação de extrema pobreza, 2,6 bilhões não têm acesso a saneamento e 884 milhões não dispõem de água potável. 

Segundo Michelle Bachelet, a firme defesa da implementação do piso de proteção social na abertura da Assembleia Geral da ONU e na Cúpula do G20 em Cannes fez da presidenta Dilma uma “grande embaixadora mundial da proteção social”.
“Sabemos por experiência própria, desenvolvida a partir de 2003 aqui no Brasil, que investir em proteção social é um meio extremamente eficaz de lutar contra a pobreza, de reduzir as desigualdades, melhorar os padrões de vida, e de fomentar a coesão e estabilidade sociais”, disse a presidenta Dilma.
Ela fez um alerta para a “dramática” situação econômica vivida pelos países desenvolvidos, que pode significar redução de direitos e perdas de garantia.
“O desemprego nos países avançados e a perspectiva de retrocesso nas políticas sociais colocam também, no centro do dia, o piso mínimo de proteção social. Os governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a voz dos mercados e a voz das ruas”, defendeu a presidenta, explicando que os países devem adotar medidas que solucionem a crise, mas que também garantam que a população não sofra toda a sua magnitude.

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