segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Primeira prova nacional para professores será em 2012, diz Haddad

Em entrevista ao iG, ministro indicado por Lula diz que Dilma não escolheria ninguém que não quisesse e fala sobre o futuro do MEC

Pronto para passar mais um Ano Novo em Brasília, o ministro da Educação, Fernando Haddad, garante que até gosta da época deserta da cidade – modificada pela posse presidencial de Dilma Rousseff este ano, que promete agitar este sábado, 1º de janeiro de 2011. Segundo ele, a última semana de todos os anos na capital é boa para “garimpar recursos no orçamento” para a área que lidera, a educação. “Sempre consigo algo. Até dia 31, estou com esperança”, disse, sorridente, em entrevista exclusiva ao iG.

 Fernando Haddad está há sete anos no Ministério da Educação, cinco como ministro: "sou exceção"

Bacharel em direito, com mestrado em economia e doutorado em filosofia, Haddad está à frente do ministério desde julho de 2005. Antes, em 2004, havia sido secretário-executivo do então ministro Tarso Genro. Aos poucos, ganhou a confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seu perfil técnico e exigente (segundo confirmam funcionários da Pasta). Em inúmeros eventos públicos, Lula fez questão de tecer elogios à atuação do ministro e garantir que as melhorias no ensino foram possíveis por conta do estilo Haddad de gerenciar.

Mesmo em momentos difíceis como na aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2009, quando uma prova foi roubada, e na edição deste ano da avaliação, em que houve problemas gráficos nas provas, Lula saiu em defesa do pupilo. Em despeito das críticas, reclamações e especulações sobre a permanência de Haddad no cargo, Lula defendeu e aconselhou a presidenta eleita Dilma Rousseff a mantê-lo no Ministério da Educação. Para ele, Dilma não “aceitou” seu nome, mas o escolheu.

Para o novo período, Haddad diz que Dilma pediu atenção especial à valorização e melhorias na carreira dos professores. No início do ano, o ministro apresentará uma proposta que, para ele, deve mexer com o valor, o papel e a remuneração dos professores. Um documento com as características consideradas essenciais para um bom professor. Essa matriz servirá para a elaboração de uma prova nacional de concurso de ingresso na carreira docente. A primeira edição deve ocorrer no primeiro trimestre de 2012.

Em entrevista ao iG, Haddad disse que aguarda o aval dos técnicos para a aplicação de duas edições do Enem no ano que vem. Garantiu que não tem expectativas políticas para depois do governo Dilma e que não pretende ficar pouco tempo na pasta. “Não sinto isso como necessidade (candidaturas políticas depois)”, afirmou. “Eu opero por projeto, não por calendário”, disse.


Confira os trechos da entrevista:
 
iG: Quando o senhor assumiu o ministério quais eram seus objetivos?
Fernando Haddad: Eu tenho a felicidade de, em março de 2007, ter anunciado o Plano de Desenvolvimento da Educação na presença do presidente Lula e disse como a educação estaria ao final de seu governo. Se recuperar minha apresentação, você verá que nós cumprimos rigorosamente o que pactuamos com a sociedade. Houve processo forte de expansão e interiorização da rede federal para recuperar o papel da rede para o desenvolvimento social do País. Na educação básica, a centralidade que a qualidade ganhou com um sistema de avaliação por escola, divulgação dos resultados com transparência, fixação e cumprimento das metas. Tudo isso está feito.

iG: E quais são os planos do senhor para os próximos anos?
Haddad: A presidenta Dilma incorporou ao seu discurso a ideia de que temos de atuar da creche à universidade. Pode parecer uma obviedade, mas nem sempre foi assim. A política de foco e fragmentada prevalecia sobre uma visão abrangente e sistêmica. Espero que isso seja mantido. Entendo que há três questões a serem priorizadas. A primeira é a educação infantil, porque nunca houve uma atenção do MEC em relação à qualidade da oferta, só à quantidade. O segundo é a diversificação do ensino médio, que precisa se integrar com o trabalho, a cultura e o desporto. Na perspectiva da escola de tempo integral, a integração com essas áreas é essencial para oferecer perspectivas múltiplas de atendimento ao jovem. A escola não precisa ser padrão para ser excelente. Ele pode ter excelência e ser diversa, ser múltipla.

Priscilla Borges, iG Brasília


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