sexta-feira, 23 de março de 2012

Católicos antiaborto voltam a distribuir folhetos contra o PT

A pouco mais de seis meses para a eleição municipal, um grupo de católicos retomou nesta quarta-feira (21) a campanha contra o PT em São Paulo e planeja distribuir um milhão de folhetos com o pedido aos fiéis para que não votem em petistas. No texto, religiosos associam o partido à defesa do aborto e pregam o voto em quem é contra sua descriminalização.
 
Os panfletos têm a assinatura da regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB), entidade máxima católica, e foram elaborados originalmente contra a campanha de Dilma Rousseff, em 2010. Apreendidos naquele ano, foram liberados pela Justiça em 2011 e deverão voltar a circular em igrejas católicas nesta eleição.
 
Ontem, cerca de cem católicos, com presença maciça de jovens, se reuniram na praça da Sé e em frente ao Fórum João Mendes, no centro da capital paulista, para distribuir cem mil folhetos e protestar contra o aborto. O autor do texto, padre Berardo Graz, era uma das lideranças do protesto, ao lado do bispo emérito de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, que assumiu em 2010 a responsabilidade pelo panfleto.
 
Católicos reforçaram as críticas ao governo federal e acusaram a presidente Dilma Rousseff de tentar legalizar o aborto, em suposta manobra para aprovar a proposta dentro da reforma do Código Penal, em discussão no Legislativo. Os religiosos atacaram também a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de 

Políticas para as Mulheres, por ser a favor do aborto.
Em um dos cartazes de protesto estava a foto da ministra com a inscrição “Fora assassina” e a imagem de um bebê sendo esmagado por uma estrela vermelha com o número 13, do PT, e com uma foice e um martelo cravados em sua testa. Manifestantes soltaram bexigas vermelhas representando as “almas” dos fetos abortados.
 
O coordenador da Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB e autor do folheto anti-PT, padre Berardo Graz, criticou o anteprojeto de reforma do Código Penal, que prevê a ampliação dos casos em que o aborto é legal. Segundo Graz, a proposta está sendo patrocinada por empresas e entidades internacionais que querem reduzir a natalidade no país. “Queremos a CPI do aborto”, defendeu.
 
A comissão de juristas criada pelo Senado para elaborar o novo código aprovou que a gestante poderá interromper a gravidez até a 12ª semana se tiver um laudo de médico ou psicólogo atestando que não apresenta condições psicológicas de arcar com a maternidade.
 
Dom Luiz Gonzaga Bergonzini criticou a presidente por “mudar de opinião”. Na campanha em que foi eleita, Dilma afirmou que não descriminalizaria o aborto. “Nossa presidente não fala abertamente mas nomeia ministras que são abortistas”, disse Bergonzini, referindo-se à ministra Eleonora Menicucci.

Entre críticas ao governo e ao aborto, Bergozini entrou com uma ação contra a ONG Católicas pelo Direito de Decidir, a favor do aborto. O bispo pede indenização de R$ 600 mil por “danos morais” e que a ONG retire o “católicas” do nome. Procurada, a entidade não se manifestou.
 
A campanha municipal passou ao largo do protesto, mas o padre Graz disse que religiosos poderão atualizar os panfletos. Questionado sobre a campanha em São Paulo, o autor dos folhetos disse estar mais preocupado com a pré-candidatura do deputado federal Gabriel Chalita (PMDB) do que com a de Fernando Haddad (PT).
 
“Chalita nos preocupa e até mais, porque ele se diz católico. É um falso católico. Falo como padre. Se fosse meu paroquiano já teria puxado a orelha dele mais de uma vez”, afirmou Graz. “Somos mais contra Chalita do que o Haddad”, completou. “Quer os votos dos católicos para empurrá-los para decisões que não são conforme a nossa doutrina”. Chalita foi procurado em seu celular e via assessoria para comentar a declaração do padre, mas não respondeu até o fechamento desta edição.
 
O padre disse ter “preocupação” com Haddad por conta do kit anti-homofobia, elaborado pelo Ministério da Educação quando o petista comandava a Pasta.

Sobre a possível pré-candidatura de José Serra (PSDB), Graz disse que o tucano seria a opção “menos pior”.

Brasil 247

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