sábado, 1 de outubro de 2011

Estado substitui concursos por seleções

Por Terezinha Nunes
  
Durante  centenas de anos o estado brasileiro conviveu com o compadrio no serviço público. No  Brasil Colônia,os empregos eram destinados  aos amigos e áulicos da coroa portuguesa. Após a  Proclamação da República, quando a monarquia foi extinta e passamos a conviver com os presidentes, infelizmente, no caso do serviço público, a prática continuou a mesma.

Quem fosse parente de político, controlasse votos e tivesse algum poder de mando tinha a primazia e nomear e demitir como bem entendesse. Com o surgimento das empresas públicas as “indicações” continuaram mas, no correr do tempo, foram essas empresas que começaram a fazer vigorar no serviço público a prática dos concursos.


Com o tempo, de forma mais recente, a prática também passou a ser norma nas administrações diretas. Em primeiro lugar, criaram-se os concursos públicos federais, depois estaduais e, mais recentemente, os municipais.


De tanto se fazer concurso – apesar de muitos só serem realizados por pressão do Ministério Público – criou-se no Brasil a figura do “concurseiro” , a pessoa que passa grande parte da vida adulta estudando para fazer concurso e ganhar um salário cada vez maior.


Milhares dos que se submetem a concursos acabam frustrados pois o número de vagas é infinitamente, menor do que a relação – às vezes quilométrica – dos candidatos, o que acaba gerando frustrações e carreiras tardias no setor privado.


Nos últimos tempos, porém, em pelo menos um setor, o da educação , os estados, impedidos de conseguir recursos para pagar bem a professores concursados, resolvem a questão da falta de professores fazendo a contratação direta de mestres que ganham menos, não têm estabilidade, e nem sempre possuem a qualificação adequada.


Contra esta prática, o PT se insurgiu enquanto pode antes de chegar ao poder, encurralando governadores com greves sem fim que chegavam a fechar as escolas por vários meses.


Não é, porém, o que o partido tem feito em anos recentes quando, diretamente ou através de aliados, assumiu o poder federal, estadual e municipal.


Aqui em Pernambuco, por exemplo, além das chamadas contratações temporárias na educação que nunca foram abolidas, apesar do estado se encontrar hoje em situação financeira muito melhor do que alguns anos atrás, está virando prática a contratação de trabalhadores sem concurso público em quase todas as secretarias.


São as chamadas “seleções simplificadas” à qual já recorrem de forma costumeira as secretarias de transportes, cidades, vários órgãos da administração indireta, como o DER e mais recentemente – pasmem - a inquebrantável Secretaria da Fazenda, avessa, em tempos passados, a qualquer sistema que não fosse o do concurso público, como manda a lei.


Editais e mais editais têm sido publicados na imprensa, matérias jornalísticas detalham as seleções e não se houve um pio de reclamação dos deputados, vereadores e nem dos sindicalistas tão ativos e afoitos antes da era petista.


Enquanto isso, os que se prepararam para concursos não vêm a possibilidade de participar de uma seleção de conhecimento e nem se sabe, afinal, que critérios são utilizadoa nestas seleções simplificadas para escolher quem vai assumir.


Trata-se de uma regressão que precisa ser corrigida ou, no mínimo, explicada. Com a palavra, os sindicalistas e o Ministério Público.

Fonte  Blog do Jamildo

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