segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A pedido do PMDB, ministro segura demissão de diretor de estatal


O comando do PMDB operou para evitar a demissão do diretor-geral do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), Elias Fernandes, indicado para o cargo pelo líder do partido na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).

Dilma demite diretor administrativo do Dnocs
Folha apurou que o ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional) já havia expressado esse desejo à Casa Civil, mas o partido conseguiu reverter a decisão ao menos por enquanto.

A demissão de Fernandes seria uma resposta do ministério a relatório da CGU (Controladoria Geral da União) de 2011 que aponta desvios de R$ 192 milhões na estatal entre 2008 e 2010, período em que Fernandes está no comando do órgão. Ele entrou no cargo em 2007.

Na última quinta-feira, porém, o ministro foi chamado para uma conversa no gabinete do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) para tratar do assunto. Henrique Alves participou da conversa.

No encontro, decidiu-se que o relatório da CGU será encaminhado ao TCU (Tribunal de Contas da União) para análise dos desvios apontados e para que Fernandes tenha mais prazo para se defender, o que evitou a demissão.
A conversa do comando do PMDB com o ministro ocorre no momento em que Bezerra está fragilizado com denúncias de direcionamento de verba de sua pasta para seu reduto eleitoral, nepotismo e favorecimento a seu filho, o deputado Fernando Coelho (PSB-PE). No depoimento ao Congresso sobre esses fatos, Bezerra contou com o apoio do PMDB que defendeu sua permanência no ministério. Henrique Alves interrompeu o recesso para defender o ministro em Brasília.

Justamente para não perder apoio do partido, o ministro chamou nesta segunda-feira para uma conversa o deputado Danilo Forte (PMDB-CE). O peemedebista havia condenado a decisão do ministro de demitir o diretor administrativo do Dnocs, Albert Gradvoh, e poupar o diretor-geral, embora o relatório da CGU divida a responsabilidade dos problemas de gestão no órgão com todos os dirigentes.

No lugar de Gradvohl o ministro indicou seu conterrâneo Vitor de Souza Leão, um técnico da CGU. A Folha apurou que o ministro justificou que a demissão deve-se a uma reestruturação na estatal e que chamou Fortes para conversar porque não gostaria de ganhar inimigos nesse momento em que está fragilizado.

Gradvohl havia sido indicado para o cargo pelo senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), que deixou de apoiá-lo após conseguir indicar outro diretor, o de infra-estrutura, segundo cargo mais importante no Dnocs. O órgão tem um orçamento de R$ 1,5 bilhão em 2012 e R$ 600 milhões para obras.
O Dnocs é responsável pela execução de 16 obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). São barragens, perímetros de irrigação e implantação de adutoras regionais.

DESVIOS
O relatório da CGU aponta "baixa capacidade operacional da autarquia, estruturas gerenciais deficientes, o que atinge a administração central da autarquia e as coordenadorias-estaduais, havendo, não raras vezes, falta de interlocução e integração entre essas próprias unidades internas". E conclui que "é possível constatar a precariedade em praticamente todos os setores do Dnocs".

"São obras contratadas em 2002 e que estavam paradas quando assumi. Quando o PAC foi implementado, o Dnocs assumiu essas obras. Quanto as irregularidades, são problemas que demoram a ser resolvidos, mas que estamos fazendo de tudo para solucioná-los. Não se pode dizer que houve sobre preço porque o TCU não julgou essas contas ainda. O TCU é quem vai dizer se as obras são irregulares ou regulares. O que tem é indício", afirmou o diretor-geral do Dnocs.

Fonte Folha.com

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