segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Prisões no Alemão ficam aquém do esperado

Embora a polícia tenha admitido ainda neste sábado (27) que até 600 criminosos ligados ao tráfico tivessem refugiados no Complexo do Alemão, conjunto de favelas na zona norte do Rio, apenas cerca de 20 pessoas foram presas nas comunidades entre sábado e a de domingo (28).
Durante entrevista coletiva na noite deste domingo, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, não divulgou nenhum balanço, ainda que parcial, da operação no Complexo. Ele destacou que os números estão sendo atualizados a toda hora, pois os policiais e soldados continuam vasculhando a comunidade.
Após responder a perguntas de jornalistas durante menos de 15 minutos, ele encerrou a coletiva e coube à assessoria de imprensa da pasta informar sobre os números parciais da ação policial. A secretaria divulgou que foram apreendidas 40 toneladas de maconha, 50 fuzis e dezenas de granadas. Da operação participaram 2700 pessoas, entre policiais e militares.
Questionado sobre a possível fuga de traficantes que suspostamente estavam cercados, Beltrame foi suscinto. "Um traficante que tenha fugido, sem território, sem armas, sem a estrutura de que dispunha, será muito menos marginal", afirmou.
Retomada do território
Mesmo com o pequeno número de prisões, o secretário classificou a operação como bem sucedida e agradeceu as corporações da Polícia Federal e das Forças Armadas. "O Alemão era o coração do mal, uma convergência de marginais, e eles perderam o território", defendeu. Ele considera que o principal objetivo da ação era de conquista de território pelas forças de segurança. O secretário afirmou que a comunidade da Rocinha também será alvo de operações posteriores. "Quando chegar a hora", disse. Segundo Beltrame, as outras facções em atividade no Rio serão combatidas com a mesma força empregada na ocupação do Complexo do Alemão.
PM admite que número de presos é menor do que o esperado
Na operação deste domingo, a PM admite que o número de presos está sendo menor do que o esperado. "A gente averigua todas as casas e a situação das pessoas que estão circulando pelo Complexo. Mas, é possível que algum traficante ainda não fichado consiga sair sem ser identificado como criminoso", afirmou Lima Castro, questionado sobre o número e prisões.
Ele não informou o número de detidos pela PM. Estima-se, porém, que não passem de algumas dezenas. "O importante é que os principais líderes do tráfico, como Zeu, Branquinho e Faustão, foram presos. Além disso, apreendemos uma quantidade de drogas e armas que eu nunca tinha visto antes", completou.
Segundo o coronel, traficantes que tenham conseguido sair da comunidade onde moravam já estão mais sujeitos à identificação e prisão. "Quem eventualmente conseguiu fugir está em território desconhecido e sem as armas que compunham o seu arsenal. Por isso, está mais sujeito à prisão", defendeu.
Para Beltrame, importante é a conquista do território
Mais cedo, antes da entrevista coletiva concedida no início da noite, o secretário José Mariano Beltrame, disse que o objetivo era conquistar o território e, quanto mais complexa for a operação, menor sua eficiência. Ele afirmou que as prisões são importantes, mas a eficiência da operação de devolução da região ao poder do Estado era o essencial. A operação do Complexo do Alemão, no entanto, cercou os traficantes com 800 homens do Exército e deu prazo para os criminosos se entregarem na noite de sexta (27), demonstrando que tinha como objetivo prender os traficantes refugiados. "Até o pôr do sol", havia dito Lima Castro. A noite passou e nenhum bandido se rendeu, o que culminou com a invasão das forças de segurança às 8h de domingo.

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